A vida é trabalhar, amar intensamente, e frequentar shows
Enquanto houver música ao vivo ainda haverá motivos pra continuar vivendo
Eu nasci em São Paulo capital, mas passei minha infância e adolescência em João Pessoa na Paraíba. Sendo a adolescente emo que eu era, vocês já devem imaginar que os shows que eu queria ver jamais chegavam lá. De vez em quando até rolava algo em Recife, que ficava a duas horas dali, mas era muito pouco. Todos os shows que eu queria ver aconteciam em São Paulo e eu ficava chorando sozinha no meu quarto por não poder estar neles.
Vocês devem imaginar então que, quando voltei pra São Paulo após me formar no ensino médio, eu comecei a ir em vários shows pra compensar o tempo perdido, né? Mas não foi bem assim. Continuei perdendo diversos shows que eu queria ver por uma série de motivos, até finalmente mudar isso em 2019, quando fui no show do Bring Me The Horizon na Audio. Naquele momento eu me lembrei o quanto eu gostava de ir em shows e decidi que passaria a ir em todos os que eu pudesse. Mas, novamente, não foi bem assim que aconteceu. Pouco menos de 1 ano depois daquele dia, o mundo seria assolado por uma pandemia mortal que acabaria com todos os tipos de eventos por um bom tempo.
Quando a pandemia foi perdendo a força e os shows voltaram, eu estava com sede de viver. Comecei a ir em todos os que o dinheiro me permitisse, até mesmo de bandas que eu nem escutava. Com o tempo fui diminuindo a frequência de shows e passei a ir apenas nos que eu realmente gosto, mas anúncios de bandas vindo ao Brasil de repente viraram parte essencial da minha vida. Muito show bom veio pra cá em 2023 e 2024 e pelo visto continuará assim em 2025. Cada anúncio é um surto diferente, e todo mundo surta junto nas redes sociais. Chega o dia de comprar o ingresso e fica aquele pânico geral pra conseguir entrar na fila virtual, seguido pelo alívio e alegria gigantescos quando finalmente conseguimos comprar nossa entrada. É ainda mais emocionante quando você decide ir comprar pessoalmente, e fica horas numa fila debaixo de sol até conseguir ter aquele ingresso em mãos e pensar “é, valeu a pena”.
E nessa muvuca toda eu fui conhecendo várias pessoas novas, e me aproximando de pessoas que eu já conhecia. O amor em comum por música ao vivo nos une e nos coloca em sintonia. Mesmo quando vou pra shows sozinha, sei que quando chegar em casa vou poder compartilhar daquela alegria com dezenas de pessoas na internet, e isso me dá um quentinho no coração. É um sentimento de pertencimento e comunidade como nenhum outro.
Eu não sei como as pessoas que não são fãs de música ao vivo conseguem sobreviver nesse mundo cruel. Falo sério. Tem dias que tudo que eu queria era partir dessa pra melhor, mas aí paro e penso: “putz, tô com ingresso comprado pra ver aquela banda que eu gosto daqui dois meses, não posso morrer não”.
Nesse momento, tenho alguns bons motivos pra continuar viva: verei cinco bandas em novembro, sabe Deus quantas em fevereiro (alô 30e, libera o lineup da I Wanna Be Tour) e mais duas bandas em março.
E você, que motivos te fazem querer continuar?